13 de mar. de 2009

LITERATURA DE CORDEL



A literatura de cordel é um tipo de poesia popular impressa em folhetos de papel rústico, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis (daí a origem do nome), muito comum no Nordeste do Brasil. São escritos em forma rimada. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.

A literatura de cordel continua a ser uma das formas mais inteligentes de expressão. Muitas vezes trata de temas polêmicos.

Nesse caso trata-se de um assunto atualíssimo e muito pertinente: o caso da excomunhão dos médicos e envolvidos no aborto de gêmeos, feito legalmente em uma menina de 9 anos , vítima de estupro, anunciada pelo arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho.

O cordelista é o Miguezim de Princesa, um paraibano radicado em Brasília e delegado de polícia. O título “A EXCOMUNHÃO DA VÍTIMA”. E quem me enviou a poesia: Andrea Brito (meus agradescimentos).

Sem entrar no mérito da excomunhão ou do aborto, vamos à poesia:



A EXCOMUNHÃO DA VÍTIMA
Miguezim de Princesa

I
Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.

II
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.

III
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.

IV
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.

V
O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.

VI
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.

VII
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.

VIII
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.

IX
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.

X
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.


Comments:
"camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão." Sem prevenção somos atacado por ele!!!
Um abraço de seu colega de profissõao! Ademar!!!
 
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